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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

MUSEU QUILOMBOLA NO SERTÃO DO MOXOTÓ

MUSEU QUILOMBOLA NO SERTÃO DO MOXOTÓ
Cultura regional se perpetua através da criatividade sertaneja

Preocupados em preservar as tradições de seus antepassados e deixar registrada a história de seu povo, a comunidade quilombola do sítio Buenos Aires, situada a 20 km do município de Custódia,cidade localizada a 340 km da capital pernambucana, resolveu montar um Museu com objetos que pertenceram aos fundadores e moradores daquele grupo étnico. A exposição contém itens pessoais de escravos que viveram na região por volta de 1840. Tem um pilão que servia para “pisar milho e café” até uma máquina de costura de 1845.
O Museu foi instalado em uma pequena casa de tijolos e telhas, com três quartos, uma sala e um pequeno corredor. As peças expostas estão em uma estante e duas mesas, doadas pelos moradores. Há objetos espalhados pelo chão do corredor. Pode parecer falta de cuidado, mas essa é uma característica dos seus antepassados que revela a organização da comunidade.
Fundado no ano de 2007 o Museu da Comunidade Quilombola conta com a participação de todos os moradores quilombolas que tem o intuito de reunir o maior número de acervo possível. Responsável pela manutenção desse patrimônio cultural, Maria Angelita de Rezende, 43, explica que ela não é a única a zelar pelos artefatos deixados pelos seus ancestrais africanos: “Todos na comunidade são responsáveis pela conservação e organização do Museu. Os objetos expostos contam a história desse lugar e divulga o trabalho de pessoas da região”, explica.
Remanescente de escravos, José Givanildo da Silva, 26, faz artesanato em barro e tem o seu trabalho exposto no museu da comunidade quilombola. A sua produção apresenta um estilo barroco. Ele aproveita no cenário sertanejo subsídios que o inspire no momento da criação, retratando uma diversidade de temas, desde elementos culturais da região (o carro de boi) até a religiosidade presente na comunidade (catolicismo). Algumas peças são pintadas usando cores fortes que vão do preto ao azul e vermelho vivo, outras dispensam o colorido criando um aspecto rústico. 
O sertão do Moxotó não possui tradição no artesanato em barro, mas quem vai a Custódia pode conhecer o trabalho de Givanildo da Silva que está localizado na zona rural da cidade. Para o artesão as suas peças são valorizadas. “O meu trabalho é reconhecido pelo pessoal da região. Algumas pessoas gostam e outras não do meu trabalho, mas isso faz parte da vida”, relata. 
Para a balconista Lúcia Rodrigues, 46, compradora das peças do artesão: “A região pouco valoriza o artesanato local e ter implantado um espaço para expor as esculturas de barro e peças antigas doada por remanescente de escravos foi uma boa idéia. Não é todo mundo que tem a sensibilidade de perceber a importância desse trabalho tanto para a comunidade quilombola quanto para as regiões circunvizinhas”, declara.

  

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