Liberdade, igualdade e fraternidade. Antes de explicar essas três palavras que sozinhas parecem não ter muita importância, para alguns, é preciso entender o sentido de cidadão. Afinal, o que é cidadania? Todos vamos definir apressadamente que é gozar dos direitos e deveres políticos, respeitar os mais velhos, pagar os impostos, escolher os líderes políticos.
Há várias formas de interpretar a palavra cidadania , isso vai depender do contexto histórico-político-social em que ela se encontra. No caso do Brasil, o cidadão só é lembrado quando o processo eleitoral está se aproximando. Diante desse fato cria-se um discurso demagógico direcionado para manipular a opinião pública através dos meios de comunicação de massa.
Liberdade, igualdade e fraternidade foi o lema da Revolução Francesa, que provocou transformações na sociedade e política da Europa por volta de 1789. As mudanças serviram como modelo para outros países, abrindo as portas para a democracia.
Diante de uma sociedade pós-moderna, onde o indivíduo sofre as transformações de um mundo globalizado, recebendo influências culturais de outros povos, tornando o sujeito um ser fragmentado, podemos perceber, de fato, que o homem é diferente, na cor, religião, na forma de pensar, no modo de agir e tantas outras características. Mas, o principio da igualdade não nega que há diferenças, apenas garante ao homem os seus direitos de cidadão diante do Estado.
A liberdade é fundamental em regimes democráticos. O cidadão tem o direito de ir e vir, tem liberdade de pensamento, de expressão. Ela serve como instrumento para guiar as ações do povo e manter a lei e a ordem. No entanto, existe uma falsa liberdade, porque se todos têm o direito à saúde, educação, lazer e tantos outros direitos garantidos pela Constituição, porque não há acesso para todos?
No Brasil, por exemplo, a desigualdade social não possibilita a milhões de brasileiros ter uma alimentação diária, três vezes ao dia, como está assegurado apenas no papel. Essa questão é complexa e polêmica, Mas,não vamos nos aprofundar muito para não fugir do foco principal: a política pode ser fraterna?
O conceito de fraternidade está atrelado ao comportamento do indivíduo e da coletividade, sejam em níveis locais ou globais. Ela estabelece relações diretas com as ações dos homens, comportamento e práticas sociais, voltadas para beneficiar o coletivo.
Mas, a fraternidade é muito mais que cooperação, ela assegura que os seres humanos se aceitem como irmãos, sem nenhum tipo de descriminação ou preconceito,e que as pessoas desenvolvam práticas sociais sempre preocupadas com o bem-estar do próximo.
Nesse sentido, todos tem papel importante para que esse conceito de fraternidade se estenda a toda humanidade. Porém, infelizmente o que observamos atualmente são pessoas individualistas, movidas pelo poder e pela crescente desigualdade social dos povos que assombra a realidade em que estamos inseridos.
Países vivem acumulando riquezas em detrimento de outros que se colocam na esfera mundial como emergentes, que tem necessidades de que sejam assegurados direitos fundamentais para a sobrevivência, como moradia e alimentação.
As práticas políticas tentam impregnar na sociedade um falso conceito de fraternidade. No caso do Brasil, o assistencialismo, os programas sociais, a política de favores, em torno do “mercado do voto”, ainda é uma prática comum e constante. As pessoas não têm direito, a educação de qualidade e ficam impedidas de lutar e se desenvolver de forma independente. Elas se rendem as essas oferendas e não buscam participar da vida social e política de maneira mais ativa. Essa postura política faz parte da imagem de vários poderosos da vida pública do País, como por exemplo, o presidente Lula.
Na obra O princípio Esquecido de Antônio Maria Baggio, fica evidenciado que um dos textos das declarações dos Direitos Humanos, confere a todos os Estados a responsabilidade de buscar o desenvolvimento a partir de seus lucros econômicos, sociais e culturais. Mas, na realidade o que acontece é a crescente desigualdade social baseada na condição econômica em que os Estados se colocam. Centros urbanos como São Paulo, permitem que uma pequena parcela da população desfrute de riquezas econômicas e técnicas, prejudicando grande parte da população, que se vê obrigada a conviver com drogas, violência e marginalização.
Esses problemas sociais estão também ligados à má administração política, uma vez que a distribuição desigual de renda, crescimento desenfreado, falta de oportunidades de trabalho, não são tratados como prioridades por aqueles que estão à frente do poder. E pela forma como a política se apresenta atualmente não encontramos meios dela se concretizar como fraterna, já que o individualismo na sociedade atual faz com que os princípios que norteiam a fraternidade são pouco difundidos e até esquecidos.
Alline Mirelly e Cinthya Mattos